E AS MEMÓRIAS?
Os novos europeus são isso mesmo: novos! Mas não é por serem novos que ignoram os muitos acontecimentos trágicos que aconteceram nos exactos lugares onde agora vivem. Ignoram-nos porque não têm memória deles (muitos porque ainda não eram nascidos) mas sobretudo porque não estudaram, não se educaram, e até por despresarem conhecer o passado, o seu próprio passado; e sem passado não há nem presente, nem há futuro.
A Europa, durante as duas grandes guerras mundiais, foi um continente de refugiados; de gente que fugia da guerra, que fugia das perseguições étnicas, sociais ou outras; de gente que só lhes restava fugir para não serem mortos (e que muitos deles não conseguiram evitar).
Hoje é na mesma Europa que governos impedem a entrada de refugiados, e se atrevem a condenar quem queira ajudar esses mesmos refugiados.
Tempos houve que governos europeus exploraram intensamente riquezas de países de onde hoje são muitos dos refugiados e aos quais lhes é vedada a entrada. Exploraram sem contrapartidas e com trabalhos de escravos (não refiro propriamente aos portugueses). Porém em pleno século 21 nada disto é relevante.
É uma questão de memória? Sim, é! Mas é muito mais do que isso. É negar o passado! É fazer de conta que ele não existiu. É acreditar que o mundo só começou hoje ou, com alguma complacência, que começou ontem à tarde.